segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Garimpando Diamantes - Linha 12 (Safira) - CPTM



Peão de Obra

Lá vai um peão sem nome
Daqui nem se vê seu rosto
Um braço firme cortando dormente
Com um brio que nem vê desgosto
Um apito avisa que a morte ronda
Uma vida vibra e o medo assombra
Maria Fumaça, Procelito e Nozinho
Antes das sete, prosa e cafezinho
Construindo caminhos, trabalhador de porte
Pra Euclides da Cunha , antes de tudo, forte.


O Engenheiro

Dentro dos limites dessa obra é quase impossível visar o tamanho do prejuízo que já tomamos pela falta do comprometimento humano.
E então a gente aprende a não ver para não contabilizar maiores perdas.
Se temos olhos pra enxergar todos os atos voluntários de corrupção dos outros, nunca entregamos os empreendimentos em prazos determinados.
Por isso é que eu não procuro.
A melhor maneira de conhecer o ser humano é dando a ele toda liberdade possível. E no final da obra, já saberemos se ele estará presente nas próximas.


Lindemberg

Você viu o Lindemberg?
- Ta vendo um uniforme andando sozinho?

Ave Maria, Lindemberg, se tirarem uma fatia da sua bunda, não enche um pastelzinho!


Moacir

Ele passa todos os dias pelo trecho, entretido numa conversa e noutra, passando dados para futuras contabilizações no departamento pessoal e administrativo.

- Engenheiro Wander, na escuta?
- Engenheiro Wander, estou com a relação aqui, positivo?
- Já passei a posição para todos os apontadores e agora vou passar a posição para o pessoal lá no escritório.
- Positivo, apresentarei a relação com as posições.
- O senhor tem alguma posição, engenheiro Wander?

Comentário geral da obra: É, com tantas relações e posições, o Kama Sutra ta perdendo feio pro Moacir.

Peão não tem mãe!


Rangel

No canteiro de obras as vezes aparece uma imagem que enche os olhos da gente...

- Morena cor de amendoim, vem pra mim!


Tião

No trecho o pessoal é muito solto.
Não sei se me adaptaria a esse serviço de escritório, sabe?!
Todos os colegas da via férrea falam o que querem, não tem ninguém pra pegar no pé. É claro, rola muita fofoca. Mas veja, fofoca de homem é diferente...
- Me diga, já falaram mal de mim?
- Não, eles dizem que você é linda.


Sr. Orlando

Peão de obra é uma coisa louca, menina!
Veja bem, você que é mulher: se passa ligeira pelo cabra, narizinho empinado e cabelos ao vento deixando rastro de perfume pra trás, é moleca nojentinha demais...
Se passa mostrando os dentes e acenando politicamente para os rostos cansados, você é musa, você vira verso, você encanta.
O bom é fazer do segundo modo. O peão trabalha com o sorriso nos lábios, só tem perigo é da ponte sair com o formato do seu corpo.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Tendência


Eu tenho uma sapatilha prata.
Uma outra preta brilhante, com uma estrela prata.
Uma tiara preta com detalhes prateados, assim: preto com cinza brilhante.
Tenho outras sapatilhas que brilham e outras não... são coloridas e as vezes brilham por causa do verniz.
E tenho outras tiaras de cores diversas, umas que não brilham e outras que nem chegam e já reluzem... ao longe.
Tenho também umas pulseiras brilhantes que chacoalham por serem muitas.
Outras pouco barulho fazem ou até barulho nenhum, porque pendem solitárias em meu pulso.
Mas tenho uma pulseira prata e também uma ouro... essas brilham e combinam com o meu batom cor de boca... discreto, pois as pulseiras já brilham por si só.
Um batom vermelho, “choco Kiss nº 9” que combina com minhas sapatilhas vermelhas e com as unhas quando também estão vermelhas.
Quando não estão vermelhas ficam bem com o “Paris”. Esse sim combina com tudo, sobretudo com os cílios puxados e gloss nos lábios.
O gloss combina com os meus novos vestido. Lindos... ficam tão bem quando voam, quando sacodem no corpo e os cabelos também esvoaçam por causa do vento.
E o vento... ele espalha o perfume que eu mais gosto e lustra minha sapatilha prata.
E a preta brilhante com estrela prata, e as coloridas, a vermelha envernizada e as que também não brilham... e as pulseiras, e as tiaras... o esmalte... o batom... essas coisas todas minhas.