sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Síndrome do Pânico

"No real da vida, as coisas acabam com menos formato, nem acabam. Melhor assim. Pelejar por exato, dá erro contra a gente. Não se queira. Viver é muito perigoso..." (Grande Sertão: Veredas).




Então, baby, de onde eu venho faz-se a curva e acaba a vista. Sou nascida em julho de um frio que corta a pele, num clima de fogão a lenha e frango caipira.
Nasci num meio dia desses. Por ser meio, nada, então, me parece inteiro.
Lá, passada cada duas esquinas, encontrava o silêncio... por aqui ele quase não aparece.
Tomávamos groselha com leite pra sentir um gostinho doce na boca.
Eu gosto de respirar as coisas belas, mas percebo que minto descaradamente ao me lembrar que fumo... controladamente (minto).
Eu ando meio descontrolada (o meio me persegue), mas tento achar que isso faz parte do processo evolutivo das conquistas femininas e isso faz com que me sinta moderna. Viver poeticamente é tradicional demais... não quero.
Ando cheia de histórias, cheia de manias, mas devo controlar minhas emoções...
Me sinto feliz por não saber se vou ao shopping ou à terapia.
Vai fazer o que hoje, baby?
Você cobra adicionais noturnos?
Atende em domicílio?
Exerce atividades extra-curriculares? (Que malícia!)
Você acha que eu estou perdida? Não, não, mais um ônibus e eu já estou em casa.
Sente-se e aproveite a minha companhia, eu ando fora de mim, você vai se divertir...
Ouça bem: um dia desses saí da minha rota e não me lembrava bem para onde estava indo, achei tão chique que acabei cortando os cabelos. Pedi à cabeleireira que fizesse um corte que combinasse com esse momento.
É incrível como essa apatia me cai bem, todos na rua me olham! Acabo por entender que sou tão lírica, tão única!
Ter tantas perguntas me faz lembrar de uma frase de “Grande Sertão: Veredas”:

"Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas"

O que você acha, meus cabelos estão combinando com o formato do meu rosto?
Preciso lhe dizer, acho que sou daquelas que acredita no amor, mas ando mentindo...
Já te ofereci algo para beber?
Tenho aqui alguns benzodiazepínicos...
Mas o que eu dizia mesmo? Que eu vim de onde mesmo?
Ia dizer algo que fizesse sentido... mas me esqueci.

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